sábado, 21 de março de 2009

Semana de 21-25 de março

Introdução à filosofia de Platão
“Vencer a si próprio
é a maior das vitórias” (Platão)


Platão é o primeiro pensador que desenvolveu toda temática filosófica. A filosofia pré-socrática era fragmentaria e se reduzia quase exclusivamente ao problema cosmológico. Sócrates mudou de direção e orientou sua investigação para o problema petiço e psicológico. Com Platão a filosofia penetra em ambos domínio e entra a ciência do objeto e do sujeito. Além disso, com Platão convergem todas as correntes anteriores. O ser de Permênides e o devir de Heráclito, os números de Pitágoras e os conceitos e definições universais de Sócrates, todo esse acervo de doutrinas opostas se unificam em Platão mediante sua original teoria das idéias que constitui o eixo do platonismo como no modelo divisório abaixo, comum na escola platônica: Ciência das idéias em si: Dialética - Ciência da participação das idéias: a) No mundo sensível: Física; b) No mundo moral: Ética
c) No mundo artístico: Estética.
Natureza da Alma - Na obra o Fédon, Platão expõe as suas ideias sobre a alma. A alma não se limita a ser entendida como o princípio da vida, mas é também vista como o princípio de conhecimento. A alma é uma substancia independente do corpo, é eterna, unindo-se a ele de forma temporária e acidental. A união da alma com um corpo não faz desaparecer as ideias que nela existem. Pelo contrário, estas vão sendo recordadas à medida que as experiências e a educação as despertam através da educação e da experiência sensível. Platão distingue três 3 partes de alma: a)Alma Racional (razão), sendo superior destina-se ao conhecimento das idéias, localiza-se na cabeça, e tem uma virtude principal, a Sabedoria; b) Alma Irascível – a qual está associada à vontade. Localiza-se no peito e tem uma virtude: a Força Alma; c) Concupiscente – é a mais baixa de todas, constituída pelos desejos e necessidades básicas, está localizada no ventre, e tem como virtude, a moderação.
Conhecimento e Realidade - Platão elabora uma teoria segundo a qual o mundo foi criado por um arquiteto divino, o Demiurgo. Este deu forma ao Cosmos, atribuindo a cada coisa uma dada finalidade. A criação foi feita com base nas ideias (modelos, formas) existentes no Mundo Inteligível. O conhecimento através dos sentidos e da razão dão-nos resultados completamente diferentes, podendo no primeiro caso provocar graves ilusões. Os dados dos sentidos apenas nos permitem conhecer cópias imperfeitas das ideias, levando-nos a formular opiniões (doxa) contraditórias e superficiais sobre a realidade. No entanto, a experiência sensível que nos é dada pelos sentidos é fundamental para desencadear o processo de conhecimento. O conhecimento ocorre quando nos recordamos imperfeitamente as ideias que a alma contemplou no Mundo Inteligível, denominando-se o processo por anamnesis (reminiscência). Trata-se do nível mais inferior do conhecimento. O Mundo da Ideias só pode ser intuído através da razão, e implica um corte com os dados dos sentidos a que estamos aprisionados. O conhecimento da verdadeira realidade - as Ideias - passa por três níveis fundamentais: a) Conhecimento sensível - adquirido por meio dos sentidos; b) Conhecimento discursivo - conhecimento da matemática, a única ciência que possui uma natureza não corpórea; c) Conhecimento Intelectivo - Só a Filosofia permite o acesso a este nível de conhecimento, e implica uma ruptura completa com a experiência sensorial.
Através destes três níveis, a mente eleva-se do múltiplo, da aparência sensível até o Uno, Universal e Inteligível (Ideias). O conhecimento implica sempre uma ascensão dialéctica, mediante a qual vamos subindo nas hierarquia das ideias, chegando aquelas que englobam todas as outras. No topo da pirâmide, Platão coloca a ideia de Bem, seguida de três ideias que a caracterizam: Beleza, Proporção e Verdade. Estas ideias proporcionam ao mundo ordem, medida e unidade. A compreensão destas ideias só é acessível aos Filósofos.
Política - Os fundamentos do pensamento político de Platão, decorrem de uma correlação estrutural com as diferentes almas ou partes de uma mesma alma, criando uma organização social ideal (utópica). (Alma, Cidade, Almas ou partes da alma, Virtude, Classes sociais, Funções na Cidade Ideal, Alma Racional, Sabedoria)
Os Filósofos - Supremos Guardiões da Cidade. O governo deve ser entregue a sábios, pois estes são os únicos que ascenderam às ideias superiores de Uno-Bem e Beleza.
(Alma Irascível(Thymós), Força, Guerreiros).
Para Platão, cada classe social devia apenas dedicar-se à sua função e virtude especifica, só quando isto acontece é que numa sociedade reina a harmonia e a felicidade.
A finalidade do Estado é educar os cidadãos na respectiva virtude, assegurando deste modo a sua felicidade.
Educação - O sistema educativo encontra-se a serviço do Estado, e possui duas modalidades: a) Uma educação obrigatória, comum a todos até aos 20 anos. Tem por finalidade formar cidadãos no respeito pelas instituições e dedicados à realização das suas funções específicas. Nesta educação fazem parte, entre outras matérias, a música (para permitir o controlo do homem das partes inferiores da alma) e a ginástica (para o controlo do corpo); b) Uma educação destinada exclusivamente a futuros governantes, e que se realizaria entre os 20 e os 35 anos. Esta educação consta de duas fases: a primeira corresponde à aprendizagem das matemáticas, e a segunda ao ensino da dialética e conhecimento das ideias superiores. Platão mudou alguns aspectos deste modelo político, mas manteve sempre a ideia que a razão é que devia governar, sendo a única que podia proporcionar aos cidadãos a justiça e a felicidade.

Vamos Filosofar...
1. Qual o eixo principal das discussões filosóficas feitas por Platão? Explique:
2. Qual a concepção de ALMA para Platão?
3. Qual as três partes da alma apresentada por Platão? Explique:
4. Explique a concepção de conhecimento para Platão:
5. Qual o sentido da política para Platão?
6. Explique o modelo de Educação proposto por Platão:
7. Explique como podem ser compreendidas a frase e a charge a partir de uma análise filosófica:

"A educação deve possibilitar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter". (Platão)

domingo, 8 de março de 2009

Semana de 08- 12 de Março

O Pensamento de Sócrates

A filosofia socrática apresenta-se como uma atitude de permanente procura do Saber, aliada a um compromisso com esse mesmo Saber.

Diálogo - Via para o conhecimento e auto-conhecimento
Sócrates atribuía uma enorme importância ao diálogo na procura do saber, desprezando o papel da escrita. Através do diálogo pretendia não apenas despertar as consciências para a questão do saber, mas também ajudá-las nessa busca. Talvez por isto se afirme que era filho de Sofronisco, escultor e de Fanareta, parteira. Do pai terá aprendido a dar forma às coisas informes, e da mãe a arte de "trazer à luz".A mãe ajudava as mulheres a darem à luz a corpos, Sócrates, através do diálogo irá ajudar os homens a darem à luz conceitos.
"Sócrates: - O maior inconveniente da escrita parece-se, caro Fedro, se bem julgo, com a Pintura. As figuras pintadas têm atitudes de seres vivos, mas se alguém as interrogar, manter-se-ão silenciosas, o mesmo acontecendo com os discursos: falem das coisas como se estas estivessem vivas, mas, se alguém os interroga, no intuito de obter um esclarecimento, limitam-se a repetir sempre a mesma coisa".( Platão, Fedro, 275.7)
Universalismo - Superação do relativismo dos sofistas
O relativismo dos sofistas havia tornado a indistinta justiça e injustiça, verdadeiro e falso. A única forma de sair desta situação era para Sócrates procurar definir conceitos universais, como o Bem ou a Justiça. Só neste plano de universalidade se poderia encontrar o verdadeiro saber, ultrapassando o relativismo sofista.
Método Socrático - A Importância dos conceitos e da sua definição
Para procurar os conceitos universais, o método socrático, baseado no dialogo, assenta em dois passos fundamentais:
Ironia. Sócrates começa por solicitar ao seu interlocutor que defina um dado conceito (O que é o Bem? a Justiça? a Retórica ?). Aceita qualquer definição como ponto de partida, para de seguida formular um conjunto de questões em torno da mesma, mostrando as suas limitações. Chama-se ironia a este passo, porque nos Diálogos de Platão, Sócrates, finge ignorar as respostas que procura.
Maiêutica. Confrontado com as limitações das suas definições, o interlocutor, acaba por reconhecer as limitações do seu próprio saber. É então convidado a reformular a resposta anterior, dando uma definição mais ampla, na direcção da universalidade.
Reconhecimento da Ignorância
O despertar de Sócrates para a filosofia terá começado de uma forma muito singular.Certo dia, a instancias do seu amigo Querofonte, a pitonisa do Oráculo de Delfos, afirmou que entre todos os homens Sócrates era o mais sábio. Este estava longe de poder aceitar esta apreciação dos deuses a seu respeito. Ele limitava-se a procurar o saber, a interrogar todos aqueles que afirmavam possuir o saber, como os sofistas. Ora, quanto investigava mais mais problemas se lhe levantavam. Ficou célebre a sua afirmação: "Só sei que nada sei" Como poderia ser considerado o homem mais sábio de todos, quando ele próprio reconhecia a sua própria ignorância ?.
Estariam os deuses enganados quando o consideravam o homem mais sábio entre os homens?
Os sofistas que tudo ensinavam e afirmavam tudo conhecer não seriam mais sábios?
Esta afirmação revela-nos uma nova atitude perante o saber, oposta à que manifestavam os sofistas:
A sabedoria de Sócrates residia na consciência dos limites do seu próprio saber, numa tomada de consciência do próprio não saber. Só aquele que tem consciência da sua própria ignorância procura o saber. Aquele que julga que tudo conhece, contenta-se com o saber que possui. Os sofistas que tudo afirmam saber, são os mais ignorantes de todos, dado que desconhecem a sua própria ignorância.
Esta consciência Socrática dos limites do conhecimento humano, em vez de ser um motivo para uma atitude negativa face ao conhecimento (Nada nos é permitido saber), foi pelo contrário assumida como uma espécie de missão.
"O Deus, como eu creio e aceitei, me ordenou que viva filosofando e investigando-me a mim mesmo e aos demais" ( Apologia de Sócrates, Platão).
A procura do saber é indissociável também do conhecimento de nós mesmos. Daí o fato de Sócrates ter tomado como seu lema, a divisa do templo de Delfos: Conhece-te a Ti Próprio. Contra um conhecimento revelado a partir do exterior, Sócrates, aponta para um que se revela a partir da auto-descoberta do próprio indivíduo.
Intelectualismo Moral - Só os ignorantes praticam o mal
Sócrates recusa uma atitude teórica perante o saber (atitude característica dos sofistas). Parte do princípio que quem verdadeiramente procura o Bem, só pode viver segundo o Bem. A virtude identifica-se com o conhecimento, ou dito de outro modo: Saber e Moralidade são o mesmo, e estão indissociavelmente ligados. O único que comete o mal é o ignorante, aquele que conhece o bem só pode praticar o bem.
"Se me dissésseis: Ó Sócrates, não consentimos que se faça o que pretende Anito, e deixamos-te em liberdade, mas com uma condição porém, de que não ocupes mais tempo com essas investigações e deixes de filosofar, pois caso contrário quando fores apanhado morrerás; Se me deixásseis então em liberdade, mas de acordo com este pacto, eu vos diria: meus queridos atenienses, saúdo-vos, porém obedecerei a este demônio interior não a vós, e enquanto tiver alento e força não deixarei de filosofar". (Apologia de Sócrates, Platão).
Duas ideias fundamentais a reter sobre Sócrates:
- Separou a moral da religião e das leis civis
- Procurou através da definição de conceitos universais, como o de Bem ou de Justiça, superar o relativismo dos sofistas.
Vamos Filosofar...
1. Explique a dialética socrática?
2. Quais as duas etapas do método socrático? Explique:
3. Quem foram os sofistas?
4. Qual o sentido filosófico da frase de Sócrates: “Conhece-te a Ti Próprio”?
5.De acordo com o pensamento de Sócrates elabore uma definição de Filosofia:
6. Qual a razão porque Sócrates nada escreveu?
7. Explique a contribuição de Sócrates para a Filosofia:
8. De acordo com o exemplo do diálogo entre Sócrates e Protágoras construa uma conversa em que apresente a exposição de um tema filosófico:
A Verdade é Relativa?
Protágoras: A verdade é relativa. É somente uma questão de opinião.
Sócrates: Você quer dizer que a verdade é mera opinião subjetiva?
Protágoras: Exatamente. O que é verdade para você, é verdade para você, e o que é verdade para mim, é verdade para mim. A verdade é subjetiva.
Sócrates: Você quer dizer realmente isso? Que minha opinião é verdadeira em virtude de ser minha opinião?
Protágoras: Sem dúvida!
Sócrates: Minha opinião é: A verdade é absoluta, não opinião, e que você, Sr. Protágoras, está absolutamente em erro. Visto que é minha opinião, então você deve conceder que ela é verdadeira segundo a sua filosofia.
Protágoras: Você está absolutamente correto, Sócrates.