domingo, 8 de março de 2009

Semana de 08- 12 de Março

O Pensamento de Sócrates

A filosofia socrática apresenta-se como uma atitude de permanente procura do Saber, aliada a um compromisso com esse mesmo Saber.

Diálogo - Via para o conhecimento e auto-conhecimento
Sócrates atribuía uma enorme importância ao diálogo na procura do saber, desprezando o papel da escrita. Através do diálogo pretendia não apenas despertar as consciências para a questão do saber, mas também ajudá-las nessa busca. Talvez por isto se afirme que era filho de Sofronisco, escultor e de Fanareta, parteira. Do pai terá aprendido a dar forma às coisas informes, e da mãe a arte de "trazer à luz".A mãe ajudava as mulheres a darem à luz a corpos, Sócrates, através do diálogo irá ajudar os homens a darem à luz conceitos.
"Sócrates: - O maior inconveniente da escrita parece-se, caro Fedro, se bem julgo, com a Pintura. As figuras pintadas têm atitudes de seres vivos, mas se alguém as interrogar, manter-se-ão silenciosas, o mesmo acontecendo com os discursos: falem das coisas como se estas estivessem vivas, mas, se alguém os interroga, no intuito de obter um esclarecimento, limitam-se a repetir sempre a mesma coisa".( Platão, Fedro, 275.7)
Universalismo - Superação do relativismo dos sofistas
O relativismo dos sofistas havia tornado a indistinta justiça e injustiça, verdadeiro e falso. A única forma de sair desta situação era para Sócrates procurar definir conceitos universais, como o Bem ou a Justiça. Só neste plano de universalidade se poderia encontrar o verdadeiro saber, ultrapassando o relativismo sofista.
Método Socrático - A Importância dos conceitos e da sua definição
Para procurar os conceitos universais, o método socrático, baseado no dialogo, assenta em dois passos fundamentais:
Ironia. Sócrates começa por solicitar ao seu interlocutor que defina um dado conceito (O que é o Bem? a Justiça? a Retórica ?). Aceita qualquer definição como ponto de partida, para de seguida formular um conjunto de questões em torno da mesma, mostrando as suas limitações. Chama-se ironia a este passo, porque nos Diálogos de Platão, Sócrates, finge ignorar as respostas que procura.
Maiêutica. Confrontado com as limitações das suas definições, o interlocutor, acaba por reconhecer as limitações do seu próprio saber. É então convidado a reformular a resposta anterior, dando uma definição mais ampla, na direcção da universalidade.
Reconhecimento da Ignorância
O despertar de Sócrates para a filosofia terá começado de uma forma muito singular.Certo dia, a instancias do seu amigo Querofonte, a pitonisa do Oráculo de Delfos, afirmou que entre todos os homens Sócrates era o mais sábio. Este estava longe de poder aceitar esta apreciação dos deuses a seu respeito. Ele limitava-se a procurar o saber, a interrogar todos aqueles que afirmavam possuir o saber, como os sofistas. Ora, quanto investigava mais mais problemas se lhe levantavam. Ficou célebre a sua afirmação: "Só sei que nada sei" Como poderia ser considerado o homem mais sábio de todos, quando ele próprio reconhecia a sua própria ignorância ?.
Estariam os deuses enganados quando o consideravam o homem mais sábio entre os homens?
Os sofistas que tudo ensinavam e afirmavam tudo conhecer não seriam mais sábios?
Esta afirmação revela-nos uma nova atitude perante o saber, oposta à que manifestavam os sofistas:
A sabedoria de Sócrates residia na consciência dos limites do seu próprio saber, numa tomada de consciência do próprio não saber. Só aquele que tem consciência da sua própria ignorância procura o saber. Aquele que julga que tudo conhece, contenta-se com o saber que possui. Os sofistas que tudo afirmam saber, são os mais ignorantes de todos, dado que desconhecem a sua própria ignorância.
Esta consciência Socrática dos limites do conhecimento humano, em vez de ser um motivo para uma atitude negativa face ao conhecimento (Nada nos é permitido saber), foi pelo contrário assumida como uma espécie de missão.
"O Deus, como eu creio e aceitei, me ordenou que viva filosofando e investigando-me a mim mesmo e aos demais" ( Apologia de Sócrates, Platão).
A procura do saber é indissociável também do conhecimento de nós mesmos. Daí o fato de Sócrates ter tomado como seu lema, a divisa do templo de Delfos: Conhece-te a Ti Próprio. Contra um conhecimento revelado a partir do exterior, Sócrates, aponta para um que se revela a partir da auto-descoberta do próprio indivíduo.
Intelectualismo Moral - Só os ignorantes praticam o mal
Sócrates recusa uma atitude teórica perante o saber (atitude característica dos sofistas). Parte do princípio que quem verdadeiramente procura o Bem, só pode viver segundo o Bem. A virtude identifica-se com o conhecimento, ou dito de outro modo: Saber e Moralidade são o mesmo, e estão indissociavelmente ligados. O único que comete o mal é o ignorante, aquele que conhece o bem só pode praticar o bem.
"Se me dissésseis: Ó Sócrates, não consentimos que se faça o que pretende Anito, e deixamos-te em liberdade, mas com uma condição porém, de que não ocupes mais tempo com essas investigações e deixes de filosofar, pois caso contrário quando fores apanhado morrerás; Se me deixásseis então em liberdade, mas de acordo com este pacto, eu vos diria: meus queridos atenienses, saúdo-vos, porém obedecerei a este demônio interior não a vós, e enquanto tiver alento e força não deixarei de filosofar". (Apologia de Sócrates, Platão).
Duas ideias fundamentais a reter sobre Sócrates:
- Separou a moral da religião e das leis civis
- Procurou através da definição de conceitos universais, como o de Bem ou de Justiça, superar o relativismo dos sofistas.
Vamos Filosofar...
1. Explique a dialética socrática?
2. Quais as duas etapas do método socrático? Explique:
3. Quem foram os sofistas?
4. Qual o sentido filosófico da frase de Sócrates: “Conhece-te a Ti Próprio”?
5.De acordo com o pensamento de Sócrates elabore uma definição de Filosofia:
6. Qual a razão porque Sócrates nada escreveu?
7. Explique a contribuição de Sócrates para a Filosofia:
8. De acordo com o exemplo do diálogo entre Sócrates e Protágoras construa uma conversa em que apresente a exposição de um tema filosófico:
A Verdade é Relativa?
Protágoras: A verdade é relativa. É somente uma questão de opinião.
Sócrates: Você quer dizer que a verdade é mera opinião subjetiva?
Protágoras: Exatamente. O que é verdade para você, é verdade para você, e o que é verdade para mim, é verdade para mim. A verdade é subjetiva.
Sócrates: Você quer dizer realmente isso? Que minha opinião é verdadeira em virtude de ser minha opinião?
Protágoras: Sem dúvida!
Sócrates: Minha opinião é: A verdade é absoluta, não opinião, e que você, Sr. Protágoras, está absolutamente em erro. Visto que é minha opinião, então você deve conceder que ela é verdadeira segundo a sua filosofia.
Protágoras: Você está absolutamente correto, Sócrates.

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